quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Trem da Vale. Treze horas observando a natureza pela janela.

Iniciando a viagem

Como já disse na última postagem, o trem saiu exatamente às 7:30 da Estação Ferroviária de Belo Horizonte com destino a Estação Pedro Nolasco, em Cariacica, Espirito Santo.
Como se trata de um trem de passageiros, você encontra de tudo um pouco: desde turistas eufóricos tentando fotografar cada morro que aparece na janela até pessoas viajando a trabalho, com seus notebooks ligados e focados no trabalho. Tem também a turma que dorme o caminho todo, acredito que sejam pessoas que só querem chegar ao seu destino, e optaram pelo trem ao invés do ônibus ou avião.
Se você for fazer essa viagem, uma dica preciosa: prepare-se para o frio. O ar condicionado dentro do vagão é congelante! Sugiro que você vá o mais confortável possível, leve meias, blusa e ser for friorento como eu, leve uma mantinha na mala.
A viagem é bem dinâmica, você pode caminhar entre os vagões, a equipe que trabalha no trem é muito prestativa e simpática.
Oficinas de artesanato estão à disposição em um dos vagões restaurante. Fiz um porta-retratos bem bacana! Esse é um momento legal da viagem, pois durante a oficina você acaba interagindo com os outros passageiros e ouve histórias de vida bem curiosas.



 
Não aconselho esta viagem para crianças, por ser uma viagem bem longa, elas acabam ficando angustiadas. Se quiser levar seus pequenos, faça uma viagem mais curta, eles aproveitarão melhor.
Um ponto negativo é a falta de wi-fi, você só consegue um pouco de sinal quando se aproxima de alguma cidade. A maior parte do trajeto é feita sem sinal tanto de telefone quanto de Internet, então avise logo seus parentes para não ficarem aflitos com a falta de notícias. Fui informada que o wi-fi estava em fase de implantação, mas não sei se o chefe da cabine estava apenas tentando me consolar, ou se é verdade mesmo. Tomadas não faltam, em todas as poltronas você vai encontrar uma, portanto, você pode até não ter sinal, mas falta de bateria não será problema.
Para fotografar, o melhor lado é o lado esquerdo do trem, as paisagens são mais variadas. Do lado direito, você ficará muito tempo vendo apenas encostas com mata fechada. Não vi um único animalzinho durante o trajeto...Então se estiver na esperança de ver uma onça, esqueça!
 


 




 
Como se trata de uma área de mineração, de extração de minério de ferro, você vai se deparar com paisagens bem interessantes e algumas vezes vai cruzar com trens de carga pelo caminho. O minério de ferro cai nos trilhos, se estiver sol, preste atenção nos trilhos, eles brilham como se tivessem jogado purpurina pelo caminho. 
 




 
Em Aymorés, você vai ver uma enorme pedra do lado esquerdo.Uma moradora da região, que viajava na minha frente me contou que  de acordo com a lenda, Lorena, uma linda índia da tribo dos botocudos, que habitavam a região, se apaixonou perdidamente por um homem branco, mas foi impedida pelo seu pai, que era o cacique da tribo. Desiludida, ela subiu no ponto mais alto da cidade e se atirou de lá. Hoje o local é conhecido como Pedra Lorena.
 

 
Durante um bom tempo da viagem você seguirá o curso do Rio Doce. Infelizmente ele foi gravemente afetado pelo desastre ambiental de Mariana. Fiz essa viagem em setembro e o rio era lindo. Depois do desastre, não sei dizer como ele está.  
Uma coisa que você não pode perder é o pôr do sol! É lindo!
Fiquei um pouco frustrada pois quando o trem entrou no Espírito Santo já havia anoitecido e aí você não vê mais nada.
Esse é o momento ideal para pegar sua mantinha na mala e tirar um bom cochilo, ou ler um livro...porque a paisagem será inexistente por aproximadamente duas horas de viagem.
Por volta de 20:30 o trem chega na Estação de Pedro Nolasco, que fica a uma distância de aproximadamente dez quilômetros de Vitória.
Cariacica não tem boas opções de hospedagem, te aconselho a procurar um hotel em Vitória ou Vila Velha.
Pagamos cinquenta reais para irmos até o aeroporto de Vitória de táxi, mas se você tiver animado, pode pegar um ônibus coletivo no terminal que fica bem ao lado da estação, deve ser bem mais barato. Fomos direto ao aeroporto, pois queríamos alugar um carro para no dia seguinte sairmos para conhecer Vitória. Pagamos R$ 120,00 pela diária. Valeu a pena, pois pudemos aproveitar o dia para passear pela região.
Tínhamos reserva no Hotel Aruan, escolhi o hotel pela localização, que era fantástica. Me apaixonei pela vista da janela, de frente para o mar, mas confesso que tive vontade de fugir quando vi o interior do hotel. Nem vou colocar o link do hotel, pois não vale a pena. Devem ter hotéis bem melhores na região.
O hotel era velho e meio encardido, como era apenas uma noite, dava para aguentar, mas eu não recomendo.
Deixamos a bagagem no hotel e fomos caminhar na praia, comemos em um dos vários restaurantes que tem por ali.
Estávamos cansados, digamos que não somos assim tão jovens, embora meu pai ainda tivesse pique para ir para uma balada ( mas eu não deixei, ok?). Do restaurante fomos direto para o descanso dos justos ( ainda acho que eu merecia uma cama mais confortável do que a oferecida pelo hotel), eu estava tão cansada que nem fiquei olhando o mofo do teto por muito tempo.
 


 
 
 

O hotel era ruim, mas a vista era de tirar o fôlego!




 
 

Viagem de trem de Belo Horizonte até Vitória

Planejar é fundamental!


Viajar com meu pai é sempre muito especial, ele é um ótimo companheiro de viagem, além de ótimo fotógrafo!
Ele acabou nos contagiando por uma de suas paixões, que é viajar de trem.
Desta vez, fomos em três: eu, meu pai e meu marido.
O destino já estava escolhido há algum tempo: percorrer os 664 quilômetros entre Belo Horizonte, MG e Vitória, ES.
Toda viagem exige planejamento, e essa, mesmo sendo uma viagem de apenas três dias, não poderia ser diferente.
Mesmo meu pai relutando, conseguimos convencê-lo a fazer o trecho de São Paulo a Belo Horizonte de avião.
Conseguimos preços ótimos pelo site Decolar.com, tanto para o trecho SP-BH quanto para voltar de Vitória.
Passagens compradas, data definida, foi a hora de fazermos as reservas nos hotéis. Sempre prefiro o Booking, pela facilidade e preço bom.
Mas o principal nesta viagem, era sem dúvidas o TREM!
Para comprar a passagem antecipada é bem simples: acesse o site: www.vale.com e vá para o campo "compra on line".
Prefira a passagem na classe executiva, vale muito a pena. As poltronas são maiores, e o ambiente é bem mais tranquilo. O valor da passagem é de R$ 100,00 ( fev.2016) e pode ser parcelado no cartão de crédito.
O trem pertence a Vale, é  novo e bastante confortável. Os banheiros são limpos e acessíveis.
Alimentação não é problema. O trem dispões de um vagão lanchonete e dois vagões restaurante, também existe um carrinho que passa vendendo guloseimas e refrigerantes.
Por volta de meio dia, começa a ser servido o almoço.
Pagamos R$ 15,00 por uma refeição com arroz, legumes e bife a parmegiana. Uma comida honesta, sem frescuras, por um valor justo. Na lanchonete você pode pedir salgados, lanche, café e sucos.






imagens da Internet

Como é um trem de passageiros, e não um trem turístico ele faz várias paradas pelo caminho, apenas para embarque e desembarque de passageiros. Cada parada dura em média três minutos.
O trajeto de 664 quilômetros é percorrido em 13 horas, mas não se assuste! Você nem percebe o tempo passar.
Ele sai exatamente às 7:30, da Estação  Ferroviária de Belo Horizonte e chega às 20:30 na Estação Pedro Nolasco, em Cariacica, ES.
Para facilitar nossa vida, optamos pelo Hotel Nacional In Belo Horizonte, que fica bem ao lado da estação.

www.nacionalinn.com.br




Chegando em Belo Horizonte


Começando nossa aventura

Desembarcamos no Aeroporto Tancredo Neves, que fica há aproximadamente 40 quilômetros do hotel Nacional Inn, onde tínhamos nossa reserva.
Optamos por pegar um ônibus  para fazer esse trajeto. Já na saída do aeroporto você vê o guichê para compra da passagem, que custa 12,50.
O ônibus é bem confortável e te deixa na rodoviária, bem próximo do hotel. Vale muito a pena.
O hotel é simples, porém limpo e organizado, fica na região central de Belo Horizonte, uma área bem movimentada.
Decidimos dar uma volta para conhecer a cidade e percebemos que a segurança por lá é um fator preocupante, como em qualquer grande cidade brasileira.

Antes de começar a caminhada, uma descansadinha básica é fundamental




 

Do nosso quarto era possível avistar a praça onde fica a estação de trem. Super perto!

O centro de BH é repleto de belas construções antigas, praças arborizadas e parques.
Comemos em um restaurante bem simpático, que não me lembro o nome.
Antes de voltarmos para o hotel, passamos num mercado, que fica ao lado e nos abastecemos de refrigerantes, doces, e mais um bocado de porcariazinhas que todo viajante mochileiro que se preze leva na bagagem.
O café da manhã começa a ser servido às seis, e quando abriu, nós já estávamos lá de malas na mão aguardando. O café da manhã oferecido pelo hotel nos surpreendeu pela variedade e qualidade, é claro que em Minas Gerais o ponto forte do café teria que ser o pão de queijo! Lá não foi diferente: um pão de queijo quentinho, crocante por fora e muito macio por dentro.


Acompanhar o nascer do sol pela janela do quarto é sempre inspirador

Caminhamos por dois quarteirões até a estação de trem, o embarque foi muito tranquilo e o trem saiu EXATAMENTE às 7:30, portanto, se for fazer essa viagem, não se atrase, pois o trem não espera por ninguém.

 
 

Limpar a janela por fora garante fotos melhores!