segunda-feira, 28 de março de 2016

Termas de Papalacta, Equador

Um dia em Termas de Papallacta

Uma das coisas que aprendi nessas viagens de carona com o marido, é que no período em que fico sozinha, enquanto ele trabalha, tenho que aproveitar o tempo para fazer passeios seguros, com horários estipulados, para que não haja contratempos e preocupações, pois geralmente, nessas ocasiões a comunicação é complicada. Eu não tinha muitas informações sobre o Equador, não sabia ao certo quais os passeios eram seguros, se os meios de transporte seriam realmente seguros. Então optei por um passeio fechado, esses fechados por agências de turismo.
Ainda no Brasil, fechei um pacote pela Decolar.com para o Spa Termas de Papallacta. O passeio tem duração de oito horas. Super recomendo!
Não tive nenhum problema para fechar o passeio com a Decolar, no começo, estranhei pois o passeio não aparecia em "minhas reservas" no app, como ocorre com passagens e reservas de hotéis. Imprimi o voucher que me mandaram por e-mail e fui sossegada. No voucher, havia um telefone que eu deveria ligar para confirmar minha presença, mas para minha surpresa, ao fazer meu check-in no hotel, fui informada que a agência de turismo já tinha entrado em contato com o hotel para confirmar meu passeio.
Na data e horário combinado, conheci a Maria, que seria minha guia. Confesso que imaginei algo diferente, pensei em vários turistas, espremidos numa van indo para o passeio, mas não... embora eu tenha fechado um passeio compartilhado, era só eu, a Maria e o nosso motorista, que era um amor de pessoa, assim como a maioria dos equatorianos que conheci.
A guia Maria ficou bem apreensiva ao me conhecer, pois ela me confessou que não falava português, quando disse a ela que embora eu não falasse espanhol, mas que compreendia bem ela respirou aliviada.
Papallacta fica a 80 quilômetros de Quito, mas com tantas curvas pelo caminho, demoramos uma hora e meia para chegar.
Fato que não foi nem um pouco desagradável, já que Maria já tinha se tornado minha melhor amiga do mundo inteiro. Eu com meu portunhol terrível e ela falando um espanhol generosamente lento, batemos altos papos pelo caminho. Ela fez várias perguntas sobre o Brasil, incrível como os equatorianos conhecem pouco do nosso país, perguntas como se eu morava perto do Rio Amazonas, se eu dançava samba, ou se tinha muito índio na rua eram bem comuns. Mas tudo bem, afinal, eu também sabia muito pouco do Equador. Eu e Maria aprendemos muito naquele dia! Falamos de dólar versus real, o nome dos bichos, das frutas... falamos sobre política e educação... Sim, estava valendo a pena cada centavo pago, antes mesmo de chegar ao meu destino.
Chegando lá, fiquei encantada com o lugar, apesar de ser menor do que eu imaginava.
O Spa faz parte de um complexo que conta também com um hotel, restaurante e piscinas termais, com águas aquecidas através da atividade vulcânica da região. As termas ficam exatamentre entre dois vulcões.
O lugar é super organizado, já na entrada você recebe sua toalha e sua touquinha (para evitar cabelos alheios na água) e a chave do seu armário.
O vestiário é amplo, com cabines individuais e espaçosas para você se trocar, o armário é bem grande, tem até cabides para você não sair com as roupas amassadas.







Lá você pode contratar vários tipos de tratamentos, banhos e massagens, mas os preços eram meio que proibitivos, principalmente se seu salário é em real, por isso me contentei com as piscinas termais...já estava maravilhoso!
Depois de me mostrar o espaço e me explicar como tudo funcionava, infelizmente minha nova amiga foi embora, combinando um horário para me buscar.
Bem... o que dizer de Termas de Papallacta? Eu diria que é realmente um lugar para descansar e não fazer nada... Quando você entra lá, a sensação de relaxamento que você tem é tanta que parece que até seus penamentos descansam, a adrenalina baixa e você simplesmente relaxa.






As piscinas são muito, muito quentes, então é muito difícil ficar por muito tempo dentro delas, e pelas placas, nem é aconselhável ficar por muito tempo.
As placas te orientam a ficar por aproximadamente dez minutos, sair e mergulhar em uma piscina fria ( muito fria!) ou então deixar o corpo esfriar naturalmente antes de entrar em outra piscina. A temperatura entre uma piscina e outra varia do quente, para o muito quente , para o extremamente quente até chegar no insuportavelmente quente. A temperatura fora da água é geralmente bem fria, afinal, você está a 3000 metros de altitude, mas não dá para sentir frio quando você sai, pois seu corpo sai muito quente da água... sei lá, é uma sensação que só você estando lá para entender.
Uma dica muito importante é passar protetor solar, o fator maior que você encontrar, proteja também os lábios, pois mesmo com o tempo nublado, o vapor da água queima pra valer. Saí de lá parecendo um pimentão!

Lá no Spa não senti um ambiente propício para levar seu próprio lanche, mas fora do espaço tem vários restaurantes, e dentro do Termas tem um restaurante maravilhoso, com preços que variam de 6 a 20 dólares o prato.
Optei por comer lá e não me arrependi. Escolhi uma sopa de truta que estava fantástica e bem servida com uma água mineral com gás, gastei 10 dólares nessa refeição.
A sopa era incrível, tinha banana da terra, truta que é o peixe tradicional da região e milho branco, aquele de canjica, sabe? Também veio uma travessa de banana chips com limão, que literalmente arrebataram meu coração.



A hora passou incrivelmente rápido e depis do almoço a Maria veio ao meu encontro para retornarmos para Quito.
Voltamos conversando bastante, mas não pude deixar de ver a paisagem linda pela janela. Na ida eu não tinha visto nada, devido a forte neblina, mas na volta, estava tudo limpo e a paisagem é de tirar o fôlego! O caminho é através das cordilheiras antigas, simplesmente lindo!
Paramos ainda no lago Papallacta, onde segundo Maria, tem muita muita truta e atrai vários pescadores.

As oito horas passaram bem rápido, e as quatro da tarde eu estava de volta ao hotel. 
Valeu pelo lugar, pela comida e pela companhia maravilhosa da guia Maria, da qual já morro de saudades!

segunda-feira, 14 de março de 2016

Lago Quilotoa, Equador. Um lugar inspirador.

Se for ao Equador, não deixe de visitar este lugar!

Os problemas do dia anterior, como já relatei no último post, nos tiraram algumas visitas importantes , como a ida ao teleférico e ao Parque Mitad del Mundo, isso era fato, não adiantaria chorar, sim... eu ficaria sem minha foto na linha do equador!
Quando chegamos ao hotel, já se passavam das três da manhã, estávamos exaustos, depois de 26 horas de viagem ( mais uma vez: valeu Avianca!) e ainda tinha o fato de eu ter ficado sem minha mala ( valeu de novo Avianca!), mas nós não podíamos desanimar, perdemos o sábado mas o domingo estava lá, lindo e ensolarado nos esperando.
Seguimos nosso cronograma inicial, a meta de hoje era visitar a Laguna Quilotoa.
Peguei emprestada uma cueca do marido (era o que tinha disponível no momento), tomei meu banho e segui adiante, as três horas de sono seriam suficiente para me manter de pé o dia todo.
O café da manhã do Hotel Barnard é bem simples, mas honesto e bem feito. Eu comi um tal de patacón e fui arrebatada pela culinária local. Pelo que entendi, é tipo um pão, feito com bananas prensadas, simplesmente uma delícia! Eu comeria aquilo pelo resto da minha vida.
 
 
Tive que deixar alguns patacons para os outros hóspedes, eles também mereciam e eu precisava seguir viagem, pois de Quito até Quilotoa são quase três horas de viagem, e eu ainda tinha esperança (embora remota) de achar alguma loja pelo caminho para eu comprar alguma roupa limpinha ( não que eu estivesse cheirando mal, mas o efeito psicológico de ficar dois dias com a mesma roupa é terrível), nessa altura do campeonato, eu até aceitaria uma camiseta da cidade, com cores bem chamativas... Mas como vocês verão nas próximas fotos, não...eu não achei nenhuma lojinha aberta de domingo, as sete da manhã em Quito ( valeu Avianca! ).
 


Paramos em um posto, onde havia uma lojinha de conveniências e fizemos mais uma constatação: se for ao Equador, leve notas miúdas de dólares, eles NÃO trocam notas de cem dólares em qualquer lugar. Por sorte eu tinha alguns dólares em notas menores e daria para sobreviver.
A estrada até Quilotoa me surpreendeu. Uma estrada muito bem conservada, a tranquila para subir, apesar das inúmeras curvas.
 


 
Vá preparado, o lugar é realmente longe! E depois de Quito não há quase lugar para parar.
Pelo caminho haverá um pedágio, por um dólar.





 
Quando você pensa que está chegando, eis que surge uma nova montanha e mais uma sequência de curvas para você desbravar.



 
Fomos muito abençoados naquele dia. O céu estava lindo e a medida que subíamos, a sensação era de que encontraríamos as nuvens.
 
 
 
 
Um trajeto quase poético.
Sem contar que a medida que você avança, vai encontrando pela estrada vários indígenas, alguns sentados na beira da estrada, outros pastoreando lhamas e ovelhas. Fiquei maravilhada com aquele povo, mas esses detalhes quero contar num post exclusivo, pois eles merecem!
Enquanto você segue avançando pela cordilheira, vai vivendo momentos únicos, com vistas lindas e paredões fantásticos, fruto de antigas erupções vulcânicas. Muitas pessoas, ao passar por lá, pode até ser que só vejam pedras, mas eu via história!
 
 
 
 
 
 
 
 
Era incrível imaginar, que depois de ter visto tanto, o melhor ainda estava por vir, afinal, nossa visita era ao Lago Quilotoa, que simplesmente se formou dentro da cratera de um antigo vulcão.
Curva após curva, um povoado surge. A presença dos indígenas se intensificou e presenciei um dos momentos mais lindos: eles estavam indo para um casamento, a pé, pela estrada. Alguns pegavam carona na carroceria das inúmeras caminhonetes que passavam por ali, outros seguiam tranquilamente a pé. A altitude deve ser bem normal para eles, pois eu não conseguiria transpor uma única curva a pé naquela estrada sem cair desmaiada no alfalto!
 
 
 
 
 
Quase chegando, é impossível não parar no mirante do Canion  do Rio Toachi, se seu marido não estiver desesperado para chegar logo, você certamente fará belos cliques, não foi meu caso, mas fica a dica.
 
 



Enquanto eu tentava fotografar, o marido já estava entrando no carro.
Ao chegar em Quilotoa, você encontra uma guarita, e para entrar na pequena vila onde fica o lago você precisa pagar dois dólares por pessoa.
A estrutura do lugar me surpreendeu. Era uma pequena vila com várias lojinhas de artesanato local, restaurantes e estacionamentos, todos administrados pelos indígenas, que são extremamente prestativos e gentis.
Uma pequena subida te leva ao cume da cratera, de onde você pode avistar o lago. Embora pequena, como não tinha dado tempo de se adaptar aos efeitos da altitude, foi bem custoso para percorrer aquele pequeno trecho. Falta ar, falta perna, falta força e o coração parece que vai explodir. Apesar desses efeitos, felizmente não sentimos o mal da altitude que tantas pessoas falam. Algumas pessoas passam realmente muito mal, com enjoos e fortes dores de cabeça. Nós não... foi só cansaço mesmo.
Depois de percorrer mais ou menos os duzentos metros mais sofridos de nossas vidas, ficamos mais uma vez sem ar. Mas desta vez não pela altitude e sim pelo belo presente de Deus que estava diante de nossos olhos.
 




 
Aquele lugar foi simplesmente desenhado por Deus num dia de muita, muita inspiração e capricho por parte Dele.
A sensação que tive, é que no dia de fazer aquele lugar, Deus havia ganhado tintas novas e queria usar as cores mais fantásticas ali! Se você não acredita na criação divina, certamente não conhece esse lugar pessoalmente!
Eu poderia ficar aqui descrevendo a formação geológica, as dimensões e dando informações técnicas retiradas do Google, mas sobre este lugar não vou fazer isso, pois tiraria o encanto e a delícia que foi estar alí.
Dizem que alí é um lugar frio, que venta demais, que chove... Mas naquele dia não teve nada disso. Fomos contemplados por um dia de sol, quase quente. Haviam muitas nuvens, mas há 3.914 metros de altitude você está praticamente no meio delas.
Existe uma trilha que te leva até a lagoa, mas nós não quisemos descer, sabíamos que caminhar alí é bastante desgastante, uma pequena subida já te deixa sem ar... Então ficamos contemplando aquela maravilha lá de cima mesmo.
Quem tiver um bom preparo físico, dizem que para descer leva aproximadamente meia hora e uma hora e meia para subir. Uma vez lá embaixo, você pode pagar dez dólares e subir de mula.
 
 



 
Tirar um milhão de selfies alí é meio que inevitável, e se você for observador, vai descobrir que o lago fica mudando de cor a todo instante, por causa do sol e das nuvens que se movimentam sobre o lago. É simplesmente lindo!
 
Se você conseguir desgrudar os olhos do lago, vai ver que tem lugares bem bacaninhas ao redor, lojinhas curiosas vendem máscaras típicas (aquelas que você compra e não sabe onde colocar depois) e alguns restaurantes.
Entramos em um deles para comer algo simples para enganar o estômago até chegarmos em Quito.
Meu marido tem o excelente hábito de querer ser simpático com os moradores locais e pediu sugestão do chef (no caso era a índia chef), que nos sugeriu o carro chefe do restaurante. Ela nos sugeriu Cuí, com batatas, salada, milho e abacate.
E lá fomos nós!
Se você não sabe, vou te contar um segredo: cuí, nada mais é que um lindo porquinho da índia... sim aqueles porquinhos fofos que as crianças amam.
Ele chegou a nossa mesa com suas unhinhas, seus pelinhos, ossinhos e nada, nada de carne.
O restaurante era super limpo, as pessoas simpáticas, o WiFi oferecido cordialmente não conectou, mas podemos dizer que foi uma experiência bem interessante, pela bagatela de seis dólares.
 

 
Era hora de partir, seriam mais três horas para voltar a Quito, mas antes eu PRECISAVA visitar a lojinha local, e pasmem: a índia trocou nossa nota de cem dólares!Notinha trocada, lembrancinha das meninas comprada, entramos no nosso possante e seguimos felizes pela estrada.
Sim!!!! Foi uma ótima escolha visitar aquele lugar!
Mesmo se não desse para ver mais nada no Equador, já teria valido a pena.