terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Uma chegada assustadora em Barcelona

Depois de um dia bem esquisito e solitário durante a siesta em Castellón, era hora de finalmente partir para a tão sonhada Barcelona!
Todo mundo sempre falou muito bem de Barcelona e eu estava muitíssimo ansiosa!
Pegamos a estrada no início da noite e é claro que abastecemos nosso carro com os maravilhosos Donnuts e Crossaints de mercado ( sinto muito a falta deles) e nossa companheira absoluta Coca-Cola.
A distância entre Castellón até Barcelona é de aproximadamente 280 km, iríamos direto, nosso intenção era jantar maravilhosamente bem em Barcelona.
O trajeto foi muito tranquilo, a não ser pelos pedágios caríssimos que tivemos que pagar... juro que nunca mais reclamo dos valores cobrados no Brasil.
Foi nesse trecho também que meu marido cometeu o maior disparate que presenciei nesses 25 anos em que estamos juntos: ele pagou 5 euros ( quase 25 reais) por uma Coca-Cola 600 ml quase sem gelo na beira da estrada. Segundo ele era ou a Coca ou uma dormida ao volante. Como minha vida vale mais que 5 euros, eu fiquei quieta e dei só um golinho naquele refrigerante de ouro.
No meio do caminho, a aproximadamente uma hora de Barcelona fica Tarragona, uma cidade cheia de história.
Eu queria muito passar por lá, tinha visto fotos de um anfiteatro romano, que ficava de frente para o mar e várias ruínas do tempo do império romano... Mas já estava tarde, não conhecíamos a estrada, estava escuro e era improvável uma parada por lá... Eu teria que conter minha curiosidade...
Confesso que quando meu marido saiu da estrada para entrar em Tarragona meu coração disparou e ele ganhou muitas estrelinhas douradas na minha avaliação.
Sim estava escuro, não ia dar para ver nada, estava tudo fechado, não dava nem pra ver o mar... Mas e daí? Eu estava em Tarragona!
Ficamos procurando as ruínas, encontramos um Castelo no meio do caminho, mas era impossível estacionar por ali. A cidade é muito moderna e movimentada, é impressionante como uma cidade tão moderna convive tão harmoniosamente com construções tão antigas! É lindo! Eu estava extasiada!
Depois de quase nos perdermos, finalmente ele estava lá! Fechado, mas iluminado! Parei nas grades do anfiteatro como uma criança pobre na frente de uma vitrine de doces! E fiz uma das coisas mais bobas que já fiz na vida... Esfreguei minhas mãos nas pedras das ruínas do império romano toda orgulhosa! Sim...sou boba e babona...mas e daí?
 
Se você for durante o dia, paga um ingresso e pode andar por ali, com um guia explicando tudo.




Mesmo à noite, do lado de fora, foi muito emocionante estar neste lugar

Coração transbordante de gratidão por ter um marido que me proporciona momentos tão especiais. 

Um dia ainda terei uma câmera de verdade para fotografar à noite!


 
Bem, ainda faltava uma hora para chegar em Barcelona, estávamos morrendo de medo do nosso GPS via tablete desconectar, pois não tínhamos acesso a Internet e sem o GPS iria ser difícil achar o hotel.
Ao chegar em Barcelona, vimos que era uma cidade incrível! Avenidas largas, prédios lindos e iluminados. Mas quando chegamos ao hotel, um pavor repentino percorreu minha espinha. A localização do hotel não era das melhores...uma rua deserta e escura.
Nossa reserva era no NH Barcelona Diagonal Center. O hotel era muito bom, mas logo no check-in tivemos uma surpresa nada agradável: nossa reserva não nos dava direito a café da manhã e o estacionamento era pago! Não sei se era um tipo de superstição, mas tudo alí custava 17 euros! Tanto o café quanto o estacionamento custavam 17 euros... Ser brasileiro pobre na Europa não é uma tarefa fácil...tudo eu multiplicava por 5, comparava o valor com os valores do Brasil, achava surreal e procurava uma forma de economizar, afinal, eu não queria voltar ao Brasil falida!
Eu não pagaria 85 reais por um café da manhã de jeito nenhum, quando amanhecesse, entraria na primeira padaria que eu visse e tomaria meu café por um preço justo!
Deixamos as malas e fomos procurar um lugar para jantar, saímos a pé, pois nos disseram que estacionar por alí era uma tarefa bem difícil.
Ao lado do hotel tinha uma casa de shows, era uma noite bem movimentada por ali. Passamos no meio da galera, que fumava cigarrinhos ilícitos nas calçadas. Andamos demais! Vi que a estação do metrô era bem pertinho do hotel, o lugar começou a ficar cada vez mais escuro e deserto, e eu cada vez mais apavorada! Nada de restaurante por alí! Só tinha visto uma lanchonete nada bem frequentada na frente da casa de shows, que quando passamos em frente não tivemos coragem de entrar. Relutamos, mas fomos vencidos pela fome e voltamos para a tal lanchonete.
E acredite! Sabe o que vendia na tal lanchonete? KEBAB! Sim! O lanche que me salvou na siesta em Castellón iria me salvar na noite de Barcelona.
Agora imagina um casal de brasileiros de quarenta anos, arrumadinhos, numa lanchonete sujinha de um paquistanês, frequentada por um pessoal pra lá de alternativo! Se aquilo era Barcelona, juro que preferia voltar para Catellón!
Nosso Kebab veio, num pratinho de isopor e talheres de plástico. Não tive coragem de temperar a salada, pois os recipientes de tempero estavam com crostas de gordura, estava comendo e pedindo a Deus para não ter uma intoxicação alimentar. O paquistanês olhava de longe, até que não resistiu e veio a nossa mesa fazer propagando do molho paquistanês para a salada! Sim, o molho do potinho sujo! Ele fez a maior propaganda do molho e nos fez temperar o Kebab! Seria indelicadeza da nossa parte recusar, mas quando coloquei o molho na boca, devo ter ficado roxa! Era muito, muito picante!
Sorri para o paquistanês com vontade de matá-lo... ele sorria pra mim...certamente sabia o que eu estava sentindo! Ele perguntou se gostamos do molho e com os olhos em chama meu marido só disse: hot, hot, hot.
Com a boca ardendo ainda, pagamos a conta e nos dirigimos para a porta do lugar para finalmente voltarmos para a segurança do hotel e é claro que a noite não ia acabar assim tão simples! Uma chuva forte e repentina caía torrencialmente do lado de fora da lanchonete. Foi até bom, para refrescar a sensação do calor provocado pelo molho. Resolvemos encarar a chuva e chegamos ao hotel com a boca queimando, exaustos e encharcados!
Eu só queria dormir, acordar e descobrir uma Barcelona bem diferente no dia seguinte!

Nosso trajeto
O bom desse hotel é estar bem perto do metrô, mas pagar 17 euros por um café é de magoar o pobre coração. 
 
Pra quem não conhece, esse é o Kebab! ( esse tirei da internet, o que comi não tive coragem de fotografar! rs)


 
 

Um comentário:

  1. EM TUDO DAI GRAÇAS , O MAIS IMPORTANTE FOI TEREM CONHECIDO MAIS UM LUGAR LINDO E HISTÓRICO , VALEU A POSTAGEM E AS FOTOS.

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